Cultura Maker na educação: uma nova direção para o ensino-aprendizagem

Metodologias Jul 2, 2021

O movimento Cultura Maker tem origem no “Do it yourself” - DIY, que significa“Faça você mesmo”. A ideia é que qualquer pessoa, dotada das ferramentas certas e de um mínimo de conhecimento, tem capacidade de criar as suas próprias soluções para as necessidades do dia a dia.

Trata-se, por exemplo, de fazer a própria mesa de jantar que se está precisando, em vez de comprar uma pronta em loja.

O movimento Maker tem o escopo de difundir o aprendizado pela prática, sendo uma metodologia ativa de ensino muito eficiente.

Neste artigo você vai descobrir o que é o movimento Cultura Maker, qual sua importância para a educação e como implementar em suas aulas. Aproveite a leitura!

O que significa Cultura Maker
Qual a importância da Cultura Maker na educação
Aprendizagem na Cultura Maker

O que significa Cultura Maker

Entende-se por Cultura Maker o movimento nascido no final dos anos 60 a partir da filosofia do “Do It Yourself”(DIY), a qual defende que qualquer pessoa é capaz de construir, consertar ou alterar seus próprios pertences.

Traz a ideia embutida de reaproveitamento de objetos, ao invés do descarte e aquisição de novos. A proposta é fazer tudo com as próprias mãos e uma boa dose de colaboração e transmissão de informações entre grupos e pessoas.

Com a revolução digital, foi incorporada a esse movimento uma enorme gama de possibilidades usando os recursos tecnológicos.

A proposta base da Cultura Maker é a de tornar realidade suas próprias ideias e tem, nos princípios do cooperativismo e do compartilhamento de ideias, dois de seus principais pilares.

A educação incorporou recentemente essa visão à questão pedagógica, trazendo-a para dentro da sala de aula.

Com o propósito de tornar a sala de aula um espaço mais colaborativo, o aluno se torna protagonista, se empoderando do processo de aprendizagem e, assim, a educação passa a ser mais significativa.

Pensando em termos de consumismo, mas no terreno da educação, o aluno deixaria de “consumir aulas prontas, fabricadas”, com conteúdos e conceitos que nem sempre compreende.

Adotando o viés da Cultura Maker, o aluno passaria a vivenciar o processo de aprendizagem a partir da quebra dos problemas em partes, formulando teorias e construindo-as por meio da experimentação, aprendendo ativamente.

A forma de implementação da Cultura Maker na escola é o tema em debate por aqueles que a defendem como uma ideia transformadora. O consenso base é o de que o foco deve estar em projetos coletivos e na resolução de problemas complexos do mundo real.

O movimento maker defende ser possível ensinar conceitos teóricos através da prática em ambientes assistidos pela tecnologia.

Todavia, a construção de um espaço maker, como um Fab Lab (espaço de fabricação digital), é uma iniciativa de alto custo e sua aplicabilidade em larga escala, por conta desse valor, é praticamente inviável na realidade da rede educativa brasileira, especialmente no setor público.

Fab Labs são os espaços makers mais conhecidos e que têm o propósito de serem locais onde se pode construir quase qualquer coisa. O primeiro foi fundado em 2003, em Massachussetts, e hoje existem mais de mil espalhados em mais de trinta países.

Esses espaços trabalham em rede, seguindo uma metodologia em comum.

Este diálogo mundial da Cultura Maker, além do próprio uso de equipamentos e soluções tecnológicas que o constituem, é mais uma área em que o domínio do idioma inglês passa a ser uma exigência.

Agora que você já sabe o que significa Cultura Maker, descubra qual a importância desse movimento na educação e como pode ser implementado.

Qual a importância da Cultura Maker na educação

A sociedade atual, em decorrência da evolução das tecnologias, apresenta mudanças importantes em diversas áreas, incluindo o mercado de trabalho.

Se muda o mercado, tem que mudar também o profissional.

Hoje, muito mais do que ser detentor de vasto conhecimento, é fundamental que os novos profissionais possuam determinadas características, como:

  • facilidade de relacionamento;
  • ter pensamento crítico;
  • capacidade de resolver problemas;
  • possuir criatividade e versatilidade;
  • uma certa dose de ousadia.

Até que ponto os métodos de ensino tradicionais são capazes de munir os estudantes dessas ferramentas de trabalho?

Que tipo de estímulo a escola oferece aos jovens?

Constatando a necessidade de aproximação da sala de aula com a realidade social, as instituições de ensino vêm investindo recursos e esforços direcionados para o uso da tecnologia, por entender que se trata de um dos caminhos para esse encontro.

Porém, se desconectada de um projeto, ou sem a devida contextualização, essa modernização acaba não resultando no benefício esperado para a formação do aluno.

Não é raro encontrar instituições que seguem fielmente os modelos tradicionais de ensino, com repasse verticalizado de conhecimento, mas que utilizam a tecnologia como uma máscara.

“[Trata-se de] uma superficial camada de tecnologia que lhe empresta uma aparência de modernidade sem, no entanto, lhe mudar nada de essencial”. – Antônio Dias Figueiredo.

Nesse cenário, o movimento ou Cultura Maker na educação surge como uma opção e com resultados surpreendentemente positivos.

A Cultura Maker apresenta iniciativas que podem ser aplicadas como novas variantes para as aulas normais, transformando o processo de ensino-aprendizagem em algo mais significativo para os alunos.

Entenda porque a Cultura Maker na educação transforma o aprendizado.

Aprendizagem na Cultura Maker

Na Cultura Maker, mais uma vez, o papel do professor ganha destaque. Se nas metodologias ativas de ensino, de modo geral, o papel do professor deve ser de tutor, na proposta da Cultura Maker, esse papel vai além.

O professor passa a ser um mentor, isto é, ele deve dar suporte e encorajamento para que o aluno gerencie seu próprio aprendizado, orientando-o na resolução de problemas complexos, extraindo dali o conhecimento.

De forma análoga à proposta raiz do movimento maker, “faça você mesmo”, “colocando a mão na massa” dentro da educação, esse movimento propõe que se “coloque a mão no conhecimento”.

Este fabricar com as próprias mãos soluções para problemas reais, promove no aluno um intenso protagonismo em seu processo de aprendizagem e, consequentemente, ele passa a se relacionar de uma forma diferente com a ciência.

A Cultura Maker estimula, de maneira definitiva, o próprio pensamento científico, ao envolver a observação e a prática de testar hipóteses, prototipando suas ideias.

Nesta era digital, muito mais do que reter o conhecimento, disponível com facilidade graças à computação e à internet, há necessidade de saber aplicá-lo.

Nessa direção apontam os novos objetivos da educação, a nova escola, que reconhece a necessidade de estimular habilidades como a de pensar de forma criativa, facilidade de se relacionar, facilidade de aprender e de ter capacidade de adaptação.

Esses são os grandes desafios postos para a educação, em seu papel de desenvolver nos alunos tão raras habilidades, exigidas pelo mercado de trabalho atual e, mais ainda, num futuro não distante.

Como benefício direto e imediato do movimento maker, o aluno desenvolve sua autoestima, já que percebe-se capaz de criar o que desejar e resolver problemas. Assim, essa aprendizagem ganha significado.

Do mesmo modo, exercita a resiliência, pois no processo de experimentação há dificuldades a serem superadas. Essa capacidade socioemocional é uma das mais necessárias e valorizadas na vida profissional.

É preciso promover uma reflexão entre gestores e professores para a reavaliação do ambiente e práticas escolares, para que o envolvimento na discussão do que se deseja alcançar e como, promova o engajamento dos mesmos, sem que ocorra a simples imposição, como historicamente costumam ser apresentadas as propostas de transformação.

Uma boa maneira de colocar em prática a Cultura Maker, é adotando as metodologias ativas de ensino em sala de aula. Novos tempos e novas tecnologias exigem novas formas de ensinar e aprender!

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