Quando a conexão vem antes da gramática: o poder do vínculo no ensino

FlexTeach Talks Aug 1, 2025

Tem professores que se destacam pelo método. Outros, pelo carisma. Mas existem aqueles raros que são lembrados pela forma como fizeram o aluno se sentir. A teacher Laura é uma dessas.

A entrevista deste mês no FlexTeach Talks é um convite à reflexão: até que ponto a conexão entre professor e aluno pode influenciar a trajetória de aprendizagem? Laura nos mostra que não só influencia, como sustenta.

Com escuta ativa, interesse real pela história de cada aluno e uma rotina equilibrada entre empatia e firmeza, ela constrói relações tão autênticas que vão muito além da sala de aula.

"Para mim, essa conexão tem a ver com ser transparente. Eu coloco toda a minha personalidade na aula. Mostro meus interesses, minhas fraquezas. Acho importante mostrar que somos humanos."

Ao longo do texto, você entenderá como essa postura transforma o aprendizado, inspira confiança, promove constância e, ao mesmo tempo,  exige cuidado com os limites. Confira os tópicos desta conversa:

Primeiro vem a escuta, depois o planejamento
Conexão também é compromisso
Limites também são um gesto de afeto
Emoção é parte da metodologia
Da sala de aula para a vida
Conclusão

Primeiro vem a escuta, depois o planejamento

Ao contrário do que se espera, Laura não segue um roteiro fixo ao receber um novo aluno. Ela prefere ouvir antes de decidir. E é ouvindo que ela descobre o que importa:

"Desde o primeiro momento, eu estou ouvindo as experiências de vida deles, anotando os interesses, trazendo isso para a aula."

Esse cuidado se revela nos detalhes. Se um aluno cita um hobby, uma viagem ou uma fase da vida, Laura guarda. E resgata mais tarde, durante a aula, como quem diz: "eu me importo com o que você é".

É assim que ela cria um espaço onde o inglês deixa de ser um fardo e passa a ser parte da vida real. E é justamente essa famíliaridade com o tema que encoraja os alunos a se soltarem:

"Quanto mais familiarizados a gente está com um assunto, mais fácil fica falar. Mesmo os mais tímidos acabam se abrindo."

Conexão também é compromisso

A teacher Laura Nerva compartilha que a conexão gera algo que nem toda plataforma sozinha é capaz de criar: um senso de responsabilidade.

"Eles fazem a tarefa no dia da aula ou no dia anterior. Mesmo que seja inconsciente, é como se dissessem: ‘preciso entregar’. Porque tem uma pessoa do outro lado esperando por mim."

Essa fala revela o quanto a presença de um professor que se importa muda a relação do aluno com o compromisso. Não é mais sobre "cumprir uma obrigação", mas sobre respeitar um vínculo. A tarefa vira uma ponte entre encontros. Um gesto de cuidado recíproco.

E esse laço se estende para além da sala de aula:

"Uso muito o Instagram. Quando vejo algo que lembra um aluno, eu mando. E eles também me mandam memes, coisas em inglês. A aula não é o único lugar onde a gente se encontra."

Essa troca cotidiana cria um espaço onde o inglês está sempre presente, mas nunca imposto. Ele entra na vida do aluno com leveza, humor e afeto. 

E é essa continuidade fora da aula que faz o inglês deixar de ser apenas um conteúdo, e passar a ser parte de quem o aluno está se tornando.

"Desde o primeiro momento, eu estou ouvindo as experiências de vida deles, anotando os interesses, trazendo isso para a aula."

Limites também são um gesto de afeto

Conexão verdadeira também passa por saber dizer não. Laura conta que, no início da carreira, tinha dificuldade de impor limites. Cedia aos pedidos, não dizia não, não puxava o aluno para o que ele realmente precisava aprender.

"Eu deixava o aluno fazer o que quisesse. Hoje, se eu vejo que ele precisa rever algo, eu trago pra aula. Falo com carinho, mas com firmeza."

Ela também reconhece que nem todo aluno serve para todo professor:

"Existe mercado para todos os professores. E professor para todos os alunos."

Hoje, ela define bem até onde vai. Não aceita alunos que precisam de algo que não pode ou não quer oferecer. E isso, longe de distanciar, fortalece a relação com quem fica.

Emoção é parte da metodologia

Laura acredita que aprender também exige sentir. Para ela, conhecimento que emociona é conhecimento que fica. 

Por isso, suas aulas são cheias de histórias, risadas, curiosidades e momentos reais que aproximam professor e aluno, criando memórias afetivas em torno do inglês.

"Eu trago muitas histórias. Faço perguntas para eles contarem as deles. A gente ri muito. E tem momentos de choro também. Tudo isso gera emoção. E é a emoção que ajuda a fixar o conteúdo."

Ela cria situações que fazem os alunos se identificarem e se conectarem com os temas abordados, criando um ambiente onde o idioma ganha sentido pessoal. Mesmo com alunos iniciantes, acredita na força da descontração e do acolhimento:

"Quando eles conseguirem se comunicar melhor, já vão se sentir super à vontade. Vão dar a cara a tapa e falar."

E quando o aluno sente que pode rir, errar e compartilhar, ele também sente que pode aprender de verdade.

Da sala de aula para a vida

"Eu tirei amizades dessa profissão. Já viajei com aluna. Tenho alunas que viraram amigas. E tenho também amigos que viraram alunos."

Laura constrói relações para além do conteúdo. Muitas de suas conexões ultrapassaram os limites da sala virtual e viraram parcerias de vida, amizades sinceras que nasceram da confiança criada durante as aulas.

Ela não evita o afeto, pelo contrário, o acolhe com maturidade e clareza de propósito. Ensina a família inteira de alguns alunos. Sabe o nome dos pets, comemora conquistas, manda mensagens no aniversário.

Mas também sabe onde estão os seus limites, e os respeita: "Hoje eu consigo dizer não. Aprendi a impor limites. Isso também é parte de ser profissional."

Ela compartilha, mas também se protege. Cuida do aluno, mas sem se perder de si mesma. E esse equilíbrio é, talvez, o que torna sua presença tão marcante.

Conclusão

A teacher Laura nos mostra, com delicadeza e verdade, que o aprendizado não começa na gramática. Começa no olhar. Na escuta. Na coragem de construir uma relação real com o aluno, em que ele se sinta visto, respeitado e, acima de tudo, encorajado a continuar.

Ela nos lembra que conexão não é sinônimo de permissividade, mas de presença. Que dar limites também é uma forma de cuidado. E que ensinar é, muitas vezes, um ato de amizade madura: aquele que acolhe, mas também direciona.

E se quiser continuar mergulhando em histórias inspiradoras como essa, conheça as outras edições do FlexTeach Talks ou siga a teacher @lauranerva para acompanhar sua rotina, reflexões e método de ensino de perto.

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